segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Psychic Reflections #1 - Carta de uma mãe com Alzheimer

Considero a Alzheimer a mais cruel das doenças, fisicamente pode ser invisível mas a dor psíquica provocada não só no doente como na família é imensurável. O self é aquilo que define a essência de cada um, a sua individualidade e subjetividade, e a Alzheimer vai despadançando-o aos poucos até que se atinja um estado de alienação tal em que o indivíduo se torna numa sombra do que foi, em que existe um corpo mas não existe alma, em que o espelho se torna no pior inimigo.
Nas minhas incursões internautas encontrei este texto que é um abanão de realidade, que nos faz repensar prioridades e caminhos e que faz alusão a um núcleo em destaque na época festiva em que nos encontramos mas que o deveria ser todo o ano - a Famíla. Penso que são dispensáveis mais comentários, a carta fala por si, mas que deixa um aperto no coração lá isso deixa.

“Querida filha,
Ouve com atenção o que tenho para te dizer. O dia em que esta doença se apoderar totalmente de mim e eu não for mais a mesma, tem paciência e compreende-me. Quando eu derrubar comida sobre a minha roupa e me esquecer como calçar os meus sapatos, não percas a tua paciência.
Lembra-te das horas que passei a ensinar-te essas mesmas coisas.

Se ao conversar contigo repito as mesmas palavras e tu já sabes o final da historia, não me interrompas e ouve-me. Quando eras pequena tive que te contar mil vezes a mesma historia para que dormisses.

Quando fizer as minhas necessidades em mim, não sintas vergonha nem fiques brava, pois não me posso controlar. Pensa em quantas vezes, quando eras uma menina, te limpei e te ajudei quando tu também não te podias controlar.
Não te sintas triste ao ver-me assim. É possível que eu já não entenda as tuas palavras, mas sempre entenderei os teus abraços, os teus carinhos e os teus beijos.
Desejo-te o melhor para a tua vida com todo o meu coração.tua mãe!”



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